Em poucas palavras: me encantou! E, antes de escrever essa resenha, tive uma acalorada discussão comigo mesma embaixo do chuveiro sobre os motivos de eu ter gostado tanto deste livro. E, para ficar mais organizado, já que eu sou uma pessoa irritantemente organizada (assim como Don, o protagonista do livro), vou separar minhas (diversas) opiniões em tópicos (igual ao Don, no livro).
1. O Projeto Rosie nos conta a história de Don Tillman, um solteirão de 39 anos, professor de genética com uma renda acima da média, inteligente, bonito e com o corpo em forma. Porém, este tem um problema: sua deficiência em se relacionar com as pessoas. Pois é, pensando de um modo geral, todos nós temos certa dificuldade em nos relacionar com outras pessoas, porque somos todos diferentes, nem sempre pensamos da mesma forma ou na maioria dos casos somos imprevisíveis. E, no meu ponto de vista, essa é a maior dificuldade de Don: se relacionar com as pessoas porque, entre outras coisas, elas podem ser imprevisíveis. Já que "surpresas" não existem na vida de Don, pois ele, com 39 anos de idade, conseguiu transformar a sua vida em uma rotina extremamente organizada e, para muitas pessoas, chata. Sim, chata me parece ser a palavra perfeita, já que todos os dias da semana Don faz as mesmas coisas, e assim sucessivamente, como por exemplo, todas as terças-feiras ele faz lagosta no jantar, todos os domingos ele fala com a mãe ao telefone, todas as quartas-feiras ele vai à feira e faz as mesmas compras, e, para o desespero geral, ele cronograma cada minuto dos seus afazeres, tanto é que, ao contratar uma faxineira (a mulher da saia curta) para limpar seu banheiro, Don estimula que com isso ele teria em sua agenda uma média de trezentos e dezesseis minutos livres por semana. Pois é, bem chato isso. Don não tem senso algum do sarcasmo, e isso o impede de identificá-lo quando as pessoas o usam. A dificuldade de se relacionar com as pessoas é tão grande na vida de Don que, ele mesmo admite que a sua lista de amizades chegou no máximo a quatro pessoas: sua irmã (que por um grave erro médico veio a falecer), Daphne (uma senhora que morava no mesmo prédio que Don e, por conta do mal de Alzheimer, teve que ser internada em um asilo e também, em um certo momento Don parou de visitá-la porque ela já não o reconhecia mais), Gene (professor e colega de trabalho de Don, casado, porém sustenta um relacionamento aberto com a esposa, já que a meta de Gene é transar com mulheres de todas as nacionalidades possíveis) e Claudia (esposa de Gene, psicóloga e que, apesar de inicialmente ter aceitado que seu casamento fosse baseado em um relacionamento aberto, ao longo do livro percebemos que ela se arrependeu de certa decisão). E também, sem esquecer este detalhe, há um momento no livro em que Don sugere incluir na sua lista de amigos os filhos de Gene e Claudia, Eugene e Carl (este adolescente e filho somente de Gene).
2. Agora que Don está devidamente apresentado e, pudemos ter uma (básica) noção de como ele é, vamos falar do seu projeto, o Projeto Esposa. Sim, toda essa história com Rosie, que logo falarei, começou com um projeto, iniciado por Don e Gene, que consistia em arrumar a esposa perfeita para Don, somente isso. Gene e Claudia, através de um questionário formulado por Don (sim, um questionário!) o ajudam a identificar e encontrar a esposa perfeita. Esse questionário contém perguntas do tipo, se a mulher pratica atividades físicas regularmente, se ela bebe, se ela é fumante, e até se a mulher costuma chegar atrasada em seus compromissos! Sim, Don é um esquisitão e tanto! E, em meio às procuras sem sucesso de uma possível esposa para Don, Rosie aparece.
3. Rosie é, sobretudo, encantadora. Diferente do que parece ser, e do que Don pensa ser, Rosie não o procura como uma candidata ao Projeto Esposa, ela o procura simples e unicamente como um “tira teima” de uma aposta feita entre Rosie e Gene, já que ela é uma das alunas de Gene, o que Don (e nós) só descobre mais tarde, bem mais tarde. Não é muito difícil de descrever Rosie, pois, fica bem claro e fácil de imaginar uma pessoa que é o oposto de Don. Rosie é engraçada, sarcástica, bonita, desenvolta, fuma, bebe e trabalha como “bargirl” no Marquess of Queensbury, um bar voltado ao público gay. Na primeira vez em que os dois se veem, Don convida Rosie para um encontro, imaginando que ela fosse uma indicação do seu amigo Gene ao Projeto Esposa. Após o incidente do traje esporte fino o primeiro encontro deles vai por água abaixo, ou quase, se não fosse pela ideia de Rosie de continuar o encontro no apartamento de Don. Ao jantarem na varanda em uma mesa improvisada, Rosie, sabendo que Don é um excelente geneticista, conta a ele sobre a vontade de descobrir quem é o seu verdadeiro pai, já que a sua falecida mãe havia dito que Rosie não era filha de Phil (marido dela), e Don, sem ao mesmo saber o porquê de ter feito e aceitado este “desafio”, promete a ela tentar descobrir isto. Porém, neste momento do livro o nosso protagonista deixa bem claro, para ele mesmo, que Rosie não é, nem de longe, uma candidata ideal ao Projeto Esposa.
4. A partir do momento em que Don faz essa promessa a Rosie e inicia o chamado por ele “Projeto Pai” (sim, o cara é tão organizado que ele dá nome de Projeto a todos os afazeres dele), sua rotina começa a virar dos avessos. De início, Don começa a deixar alguns afazeres de lado para se encontrar com Rosie e discutirem sobre o projeto pai, até que eles começam a visitar antigos amigos de faculdade da mãe dela, a procura de material genético (DNA) dos homens que possivelmente poderiam ser pai de Rosie. Eles pensam em pegar tufos de cabelo, roubam xícaras usadas pelos “suspeitos” e até mesmo levam embora uma escova de dente e, usando o laboratório da universidade sem autorização, Don se depara com diversos resultados negativos. Até que, deixando o nível da investigação mais profissional, Don descobre que em três semanas haverá uma confraternização de reencontro da turma de formatura da mãe de Rosie e, sabendo disso, Rosie os inscreve para trabalharem de garçons nesta festa, já que seria a única maneira deles entrarem e terem acesso aos convidados. O que pareceria ser um fiasco acaba se tornando o plano perfeito, já que Rosie e Don conseguem amostras de DNA de todos os convidados homens, e Don, surpreso por isso acaba se divertindo muito e fazendo o trabalho tão bem que sai de lá com uma proposta de emprego.
5. O romance segue com Don testando as quase 40 amostras que ele conseguiu nesta festa de reencontro e também com a sua relutância ao perceber, nos mínimos detalhes, que está gostando de Rosie, unicamente pelo fato dela ser quem ela é. Porém, convencido pelo fato de que Rosie não é nem de longe uma esposa ideal, Don decide dar continuidade ao Projeto Esposa, analisando novas candidatas. Uma delas, em especial, é dançarina, e Don a convida para ir ao baile da universidade, mesmo sendo alertado pelo seu amigo Gene de que ele não sabia dançar. Mas, como parece que Don adora um desafio, ele tenta aprender a dançar em menos de dez dias. Eis que o baile não acontece da forma que Don imaginava, ao se deparar com Rosie, ele a descreve como a mulher mais deslumbrante do local, e, ao tentar dançar com a sua parceira, tudo dá errado! Tanto que a mulher vai embora logo após Don derrubá-la no chão tentando dançar. Depois dessa “tragédia”, Rosie entra em cena fazendo-o dançar com ela, e como previsto, os dois se divertem mais do que nunca.
6. Ainda faltavam umas quatro pessoas para servirem de teste para o Projeto Pai, de acordo com as estimativas de Don e, com isso, ele decide viajar para NY, onde 3 destes “candidatos” estão. Porém, antes de fazer qualquer planejamento para a viagem, o nosso protagonista recebe a notícia de que Daphne (aquela senhora, amiga de Don, que estava internada com Alzheimer em um asilo) falecera e lhe deixara um testamento. Neste testamento havia uma quantia de dez mil dólares e uma carta, em que Daphne afirmava que com esta pequena quantia Don deveria fazer algo que ele gostasse, e que não fosse lá tão responsável! Além de que a senhora continuava a afirmar que Don daria um ótimo marido e que não era para ele desistir de procurar o seu par. Decidido a ir para NY e mais certo ainda de que queria levar Rosie consigo, Don inventa algumas mentirinhas para conseguir abordar seus alvos, como por exemplo, um suposto projeto de genética que sequer existe e que ele precisava de algumas cobaias, afinal, eles não iriam para NY à toa, pois precisavam de uma boa desculpa.
7. O capítulo de NY, sem dúvidas, foi o que eu mais gostei. Pois ele me remeteu às lembranças de quando eu também estive lá. Toda aquela sensação de novidade, aquela cidade que nunca dorme e a euforia; e a delícia de ser simplesmente você. “– Sabe o que eu gosto em Nova York? – perguntou ele. – É que existe tanta gente estranha que ninguém mais presta atenção. Todos nós nos encaixamos feito uma luva”. Definitivamente, essa é a minha passagem favorita deste livro! NY foi mágico para o nosso casal. Eles se divertiram mais do que imaginaram e desfrutaram ótimos momentos juntos. Quase tudo deu errado quando os dois alvos do Projeto Pai desconfiaram da veracidade da pesquisa de Don, mas, por fim, acabaram conseguindo as amostras de DNA. Até que, com a viagem chegando quase no fim, acontece um beijo entre Don e Rosie. Porém, naquela mais esperada hora (tanto por Don, como por Rosie, e pela gente!), Rosie desiste de ir em frente, confundindo os sentimentos de Don com a frase mais clichê do universo: “Você tem sido maravilhoso nesses dias, não é você, sou eu. Me desculpe”.
8. A viagem para NY foi um sonho bom que havia terminado. Agora, de volta a sua casa e tomando um vinho com Gene, Don percebe que seu velho amigo, ao ver uma foto da turma de faculdade da mãe de Rosie, a reconhece imediatamente e, mesmo não tendo feito parte desta turma, Gene era amigo dela. Don, rapidamente pega a amostra de DNA do amigo (pela taça em que ele bebia o vinho) e a leva consigo, junto com as outras amostras, para testá-las no laboratório da universidade. Pronto para os testes, Rosie aparece e eles discutem sobre a identidade da última amostra, da qual Don não quer revelar sem antes ter certeza do resultado. O que acontece é que eles acabam “discutindo” um pouco mais e Rosie afirma que ela teria muito medo de encarar um relacionamento com Don, pois, entre outros defeitos, Don não era capaz de sentir emoções, já que nem chorar com filmes românticos ele chorava. E, assim que Rosie deixou o laboratório, Don tentou dar continuidade às amostras, mas, a Chefe do Departamento de Don apareceu e todo o Projeto Pai foi por água abaixo.
9. Com a sua rotina virada de cabeça para baixo, a perigo de perder o emprego e apaixonado por Rosie, Don decide mudar radicalmente e então, ele dá início ao seu mais novo projeto, o Projeto Rosie. O nosso protagonista começa pelo visual e sai as compras apostando em roupas mais despojadas que o deixem com uma aparência que a própria Rosie já havia dito gostar. E aos poucos, Don vai mudando a sua rotina, deixando de lado àquele cara metódico que comia lagosta todas as terças-feiras, aprendendo a cozinhar novos pratos e apostando mais na diversidade. Don marca uma avaliação física com um personal trainer, e não é qualquer personal, é com Phil, o padrasto de Rosie, e, no intuito de conhecer o cara melhor e tentar defender Rosie (por conta de Phil não ser uma pessoa muito atenciosa ou até mesmo presente na vida de Rosie) os dois acabam saindo no soco. Mas nada que nos possa preocupar acontece. Então o nosso aspirante a Don Juan marca um jantar com Rosie, no mesmo restaurante fino que havia acontecido o incidente do traje esporte fino. Don espera, de início, se declarar para Rosie, mas, tendo comprado rosas e até convidado Gene e Claudia para comemorar, ao pedi-la em casamento (entregando a ela um anel e um misterioso envelope), Rosie não lhe dá resposta, ela apenas continua duvidando de que Don não a ama, mas somente quer uma esposa e, dizendo que é melhor os dois não se verem mais, Rosie vai embora, por mais que o próprio Gene tenha declarado de que Don mudou por ela. E ah, nesta noite, Don completava 40 anos.
10. Bom, chegando ao finalzinho do livro, parecia que a história não seria muito feliz para Don, bom, só parecia. Ainda disposto a conquistar Rosie, Don não desiste de ir atrás dela e, parece que tudo acontece naquele refeitório da universidade. Rosie havia descoberto que Gene, era agora o principal suspeito de ser seu pai e, sem saber com quem desabafar sobre o assunto, ela conta tudo para Phil, seu padrasto. Eis que quando Don chega na universidade atrás de Rosie, Phil também chega investindo em um soco bem dado na cara de Gene. Bem, mas o que mais nos importa, é que Rosie havia guardado o anel que Don lhe dera e a resposta dela foi sim. Passado pouco tempo, nosso feliz casal decide se mudar para NY, Rosie investindo em seus estudos e Don com uma nova proposta de emprego. E, após um tempo razoável em que os dois viviam felizes em NY, Don pede autorização para usar o laboratório do seu novo emprego, afinal, era melhor fazer tudo certo dessa vez, e decide terminar o Projeto Pai. Sozinho, ele foi se deparando com os resultados negativos, até quando chegou a vez de testar Gene e a surpresa foi que também deu negativo. Porém, Don tinha mais uma amostra, uma amostra da qual nem Rosie sabia e, antes de testá-la, ele ligou para ela, achando melhor que Rosie estivesse presente neste momento e, analisando aquela amostra, que veio de uma troca de socos com Phil, o resultado brilhou na tela do computador: Positivo!
O destino pode ser uma coisa impressionante. E ainda existem pessoas que dizem que esse livro não nos ensina nada!
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Bom, essa foi a minha resenha e espero que quem leu tenha gostado e aproveitado conhecer ou relembrar essa história tão simples, mas que me conquistou muito!
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